20 julho 2011

manhã quase




na manhã quente

o cheiro da palha

quase se toca

e sente

entra pelas narinas


não é o restolho

as hastes 

de  sementes

é apenas erva
seca


a seara

  ausente

     faz ondular a campina


na manhã quente

quase a empurrar a porta

a entrar na casa

escura


quase

a sentir 

as paredes caiadas

a exalar frescura

o salitre
 
a desfazer-se

numa  lembrança

quase morta


se abrisse a porta

 fechada

sentia

a casa vazia

lá dentro o nada


mas fico à entrada


busco na parede anilada

a luz que ilumina o dia


o presságio voa

na brisa

quase me arrepia


poema a partir da leitura do livro de josé luis peixoto uma casa na escuridão