27 junho 2012

lisboa de ponte a ponte




da serra do louro
quanto pode a vista alcançar...
entre o sado e o tejo
todo o mundo é meu


à bolina no mar da palha,
aproveitando, o vento e a maré
vogam velas do barreiro


apenas em dias escuros
a luz incide, directa
na silhueta da ponte


eu, aqui de longe, tento capturá-la
e sem querer, a este pombo,
 ligeiro,
que aqui ficou prisioneiro


dias e dias de calmaria
lisboa de cores mil
hoje o tejo é de prata


na colina do castelo...
será que apenas eu consigo vê-lo?


mais belo, ainda, ao entardecer



na baixa-mar o tejo desvenda-se
em "ilhas afortunadas"


terreiro dos  passos  mil


tejo de seda
tejo veloz
deslizando
a caminho da foz


"o que importa é partir"


uma ponte no coração
com nome de revolução

vista daqui, lisboa começa em almada
e o tejo
é um pego largo
de águas mansas



a ponte espreita
sobre a língua de areia, estreita
na maré cheia de alburrica

20 junho 2012

alentejanos em extinção


mondadeiras, dórdio gomes, 1932


o passos coelho quer acabar com as maternidades das cidades de beja, évora e portalegre

... que não nascem crianças suficientes para as manter em funcionamento!!!

mas agora até as maternidades  têm que dar lucro!!

... e as escolas!?

e os serviços de saúde!?...

e os correios!?...

 e as juntas de freguesia!?...

etc., etc., etc.,

se já são poucas as crianças que nascem no alentejo

 cada vez serão ainda menos

pois têm de ir nascer... 

sabe-se lá aonde...


por este andar,
 os alentejanos vão desaparecer do mapa

12 junho 2012

à pesca no barreiro



para quem pensava que já não havia pesca no barreiro
com os novos tempos, ela aí está de volta



as poitas flutuam
no sereno deslumbramento

  


 regresso da faina


o desemprego obriga
e o moinho gigante, sempre de vigia




 amanhã é outro dia
 moinho do bento



e ainda faltam alguns nesta família...



traineiras, a caminho da doca da cp
quem sabe os mares que já navegaram



é preciso paciência, talvez pique...
e a desindustrialização em pano de fundo



sempre a música das conchas




a crise, o desemprego...
 e os novos pescadores


o guincho do cais  
na bento gonçalves



 antigo cais da mercantil



há peixinho para todos



o mouraria , velho cacilheiro, veio parar ao barreiro
afinal, não foram só os alentejanos...



na antiga doca da cp


junto á capitania, na miguel pais




caprichos da maré
na praia de alburrica




o artista passou por aqui, 
talvez entre uma pichagem e outra
um olhar sobre lisboa 
muro do mexilhoeiro



...sem dúvida!
 muro da antiga fábrica de cortiça braamcamp



...e nada como uma vela 
vermelha
para alegrar o dia



04 junho 2012

cordoba. palabras en la calle



fim de tarde 

de um  fevereiro

 frio

em córdova



  espelho de guadalquivir

assim lhe chamamos

que nome a si mesmo se dará

o rio ...

ignoramos


no outro lado do espelho

as palavras 


por la ventana

moriscas an mirado

lo que mirar querian

lo que an mirado

...

quien

 las ai mirado...


no lo sé



caminamos por la vida
por la calle


al encuentro de la noche

 ... de las tapas

 e una copa de vino...


si! 

contracorriente


siempre!




caminando, caminando

se hace el camino

lo final 

non lo vamos a saber


columnas de piedra

miles!

como  palmeras

 en el desierto


puertas abiertas a la claridad

al dia

a la vida


mi casa es

una ciudad

con una puerta 

a la aurora


siempre busco a mi lugar



pero no me he encontrado 

rc